A Vigilância Genômica capixaba, desenvolvida pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), confirmou, nesta quarta-feira (1º), a identificação da primeira amostra infectada pela Covid-19 com a sublinhagem da Ômicron, a XBB.1.5. O caso foi reportado ao Ministério da Saúde e está entre os primeiros confirmados até o momento, em todo o território brasileiro, segundo a Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Entre os principais papeis da vigilância genômica está a realização da análise do que está acontecendo em tempo real, a análise do cenário pregresso, em especial entre os óbitos registrados no Estado, e o alerta para a presença de variantes que ainda não foram detectadas por aqui ou até mesmo aquelas desconhecidas. No Espírito Santo, a vigilância genômica atua independente do cenário que a Covid-19 esteja apresentando, com um trabalho de forma continua nesse monitoramento”, garantiu o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues.
Segundo ele, esse resultado reforça também a importância de a população realizar a testagem pelo método RT-qPCR, que é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A descoberta aconteceu porque a amostra é de um paciente que, mesmo após resultado negativo pelo teste de antígeno, procurou o atendimento para realizar o RT-qPCR, uma vez que continuava apresentando sintomas gripais. Aproveitamos para reforçar a importância do exame de RT-qPCR para o diagnóstico conclusivo e para a garantia da atuação da vigilância genômica de forma eficaz no Estado e em nosso País”, explicou Rodrigues.
Ele destacou a importância da identificação das linhagens e sublinhagens circulante como imprescindível para a atualização das vacinas e para fornecer informações precisas para a gestão da saúde pública. Além disso, o diretor do Lacen/ES pontuou que o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado seguirá, em 2023, investindo no fortalecimento da vigilância genômica capixaba, além da manutenção da transparência dos dados da pandemia da Covid-19.
“Pretendemos ampliar o sequenciamento genético para outros vírus respiratórios, as arboviroses e outros patógenos, inclusive para auxiliar no diagnóstico de infecções de origem desconhecida. O investimento na vigilância genômica permitirá inclusive que possamos identificar novos patógenos e trazer ainda mais protagonismo para o Espírito Santo no Ministério da Saúde. Além de reforçar o protagonismo do Governo do Estado nos investimentos e inovações feitas em nosso Laboratório Central de Saúde Pública, garantimos assim nossa capacidade de enfrentamento aos desafios da saúde pública como ocorreu durante a pandemia da Covid-19”, salientou Rodrigues.
Vigilância genômica da Covid-19 no Espírito Santo
A vigilância genômica é uma importante ferramenta no enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Por meio das análises de sequenciamento genético das amostras da Covid-19, é possível contribuir para a criação de protocolos de diagnósticos mais precisos, gerar informações para o desenvolvimento de vacinas e identificar de forma mais ampla e ágil a evolução molecular e os padrões epidemiológicos do vírus, incluindo o surgimento e a circulação de novas variantes.
No Espírito Santo, o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo, o Lacen/ES, é referência neste trabalho e realiza o monitoramento de amostras de todos os óbitos pela Covid-19 e das amostras de casos infectados, que são selecionadas de acordo com critérios técnicos, além de utilizar a amostragem que representa o Estado em momentos de alta demanda ou de todas as amostras positivas por RT-qPCR, num cenário de baixa demanda.
Essa nova descoberta é mais uma das detecções no Estado de sublinhagens com a implementação do parque tecnológico responsável pela vigilância genômica. Desde o início da pandemia da Covid-19, o Lacen/ES já identificou, por meio do sequenciamento genômico, cinco variantes, 16 linhagens e 95 sublinhagens do SARS-CoV-2 em circulação no Espírito Santo.
Sobre a XBB.1.5
A XBB.1.5 é uma sublinhagem da Ômicron. A Ômicron é uma variante da Covid-19 conhecida como uma das mais transmissíveis. No Brasil, a primeira confirmação da XBB.1.5 aconteceu no início de janeiro deste ano, em uma amostra do estado de São Paulo.
No mundo, a XBB.1.5 despertou preocupação em virtude do aumento de casos percebidos no Estados Unidos e de sua rápida disseminação, uma vez que esta tem uma mutação que lhe confere a capacidade de se ligar mais facilmente às células humanas.
“É uma subvariante que tem sido observada com muita atenção em todo o mundo, mas os estudos mostram que até o momento não há indicação de que esta seja mais patogênica, ou seja, mais grave e letal que as variantes e subvariantes originárias. Os pacientes por ela infectados têm apresentado sintomas semelhantes aos da gripe”, complementou o diretor do Lacen/ES.
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